domingo, 24 de agosto de 2008


A bosta de boi é mais útil que os dogmas.

Serve para fazer estrume. (Mao Tse-Tung)


HISTÓRIA
Atrocidades cometidas

pela Igreja Católica

Tribunal da Igreja Católica instituído no século XIII para perseguir, julgar e punir os acusados de heresia, a Santa Inquisição foi fundada pelo Papa Gregório IX (1148-1241) em sua bula Excommunicamus, publicada em 1231. Heresias são doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido como matéria de fé. Na época inicial da Igreja elas eram punidas com a excomunhão. Quando no século IV o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, os heréticos passam a ser perseguidos como inimigos do estado.
Em 1252, o Papa Inocêncio IV sanciona o uso da tortura como método de obtenção da confissão de suspeitos. As condenações dos culpados são lidas numa cerimônia pública no fim dos processos. É o chamado auto-de-fé.
Inquisição é o ato de inquirir, isto é, indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisição, significa "questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica". Dessa forma, a Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade "oficial" de investigar e punir os crimes contra a fé católica. Na prática, os povos pagãos, dos quais a Igreja católica havia tomado santuários e templos sagrados para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas, representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas.
A Inquisição teve seu início no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lúcio III. Em 1198, o Papa Inocêncio III já havia liderado uma cruzada contra os albigenses (hereges do sul da França), promovendo execuções em massa. Em 1229, sob a liderança do Papa Gregório IX, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. Em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado Ad Exstirpanda, que foi fundamental na execução do plano de exterminar os hereges. O Ad Exstirpanda foi renovado e reforçado por vários papas nos anos seguintes. Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa João XXII) declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religião dos pagãos constituíam um movimento e uma "ameaça hostil" ao cristianismo.

No Brasil a Inquisição atuou no
século 18, queimando 139 pessoas

Os inquisidores, cidadãos encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Canônico e Civil. Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vítima fosse condenada.
Os inquisidores deveriam ter no mínimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa através de uma bula, que também podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges. Camponeses eram incentivados (ludibriados com a promessa de ascenderem ao reino divino ou através de recompensas financeras) a cooperarem com os inquisidores. A caça às Bruxas tornou-se muito lucrativa.
Geralmente as vítimas não conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até crianças. O processo de acusação, julgamento e execução era rápido, sem formalidades, sem direito à defesa. Ao réu, a única alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e aceitar o domínio e a autoridade da Igreja Católica. Os direitos de liberdade e de livre escolha não eram respeitados. Os acusados eram feitos prisioneiros e, sob tortura, obrigados a confessarem sua condição herética. As mulheres, que eram a maioria, comumente eram vítimas de estupro. A execução era realizada, geralmente, em praça pública sob os olhos de todos os moradores. Punir publicamente era uma forma de coagir e intimidar a população. A vítima podia ser enforcada, decapitada, ou, na maioria das vezes, queimada.
Na Itália e Espanha, as vítimas eram queimadas vivas em estacas. Na França, Escócia e Alemanha, usavam madeiras verdes para prolongar o sofrimento dos condenados. A noite de 24 de agosto de 1572, que ficou conhecida como "A Noite de São Bartolomeu", é considerada "a mais horrível entre as ações inquisidoras de todos os séculos". Com o consentimento do Papa Gregório XIII, foram eliminados cerca de setenta mil pessoas em apenas alguns dias.
Além da Europa, a Inquisição também fez vítimas no continente americano. Em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando do bispo dom Juan de Quevedo, que eliminou setenta e cinco hereges. Em 1692, no povoado de Salem, Nova Inglaterra (atual Estados Unidos), dezenove pessoas foram enforcadas após uma histeria coletiva de acusações.
No Brasil há notícias de que a Inquisição atuou no século 18. No período entre 1721 e 1777, cento e trinta e nove pessoas foram queimadas vivas. O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhões de pessoas foram acusadas e mortas nos séculos que durou a perseguição.


Considerado o “Pai da Física”, Galileu Galilei foi acusado pelo Tribunal do Santo Ofício e escapou por pouco da fogueira por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). Em 22 de junho de 1633, foi obrigado a renegar sua certeza de que a Terra não estava imóvel no espaço, utilizando a frase “abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias”.
Galileu teve sua obra proibida e foi condenado à prisão domiciliar perpétua. Seu processo permaneceu arquivado por longos 350 anos. Após uma nova investigação iniciada em 1979, o Papa João Paulo II reconheceu, em 1992, o erro da Igreja Católica e o absorveu.


17 de fevereiro de 1600. Esta data será lembrada para sempre por um grotesco acontecimento que marcou a fogo uma das páginas negras da história da humanidade: a execução do astrônomo, matemático e filósofo italiano Giordano Bruno pelas chamas da Inquisição. Um dos acontecimentos mais dramáticos da época do Renascimento. Para alguns representou o fim da tolerância da Igreja Católica para com a dissidência representada por alguns sábios, para outros foi o sinal do recomeço dos tempos obscurantistas que opuseram a fé contra a ciência num confronto que não teve mais fim.
Morto aos 52 anos de idade, tornou-se um mártir da liberdade de pensamento e um símbolo da intolerância da contra-reforma liderada pela Igreja Católica.
“O Cosmo é uno, eterno e infinito. A Terra é um dos mundos e nós, sobre ela, giramos ao redor do Sol sem perceber.” Pensamentos como este, levaram Giordano Bruno a ser considerado o primeiro a discutir a vida fora da Terra, (mas não podemos esquecer que, há 2008 anos, Jesus Cristo esclareceu: “Há muitas moradas na casa de meu Pai”), pois afirmava que os planetas acompanhavam estrelas, formando mundos habitados como a Terra em todo o Universo. As idéias de Bruno só foram retomadas na década de 1960, pelo astrônomo norte-americano Frank Drake.
“A Natureza é governada por uma profunda harmonia. Linhas invisíveis unem as pequenas coisas da Terra. Deus está em toda parte, em cada partícula de matéria inerte ou viva.” Este último pensamento de Giordano revela sua adesão ao panteísmo, antiga doutrina filosófica.
Dentre as acusações no Tribunal da Inquisição, foi lido o texto: “Ele sustentou a existência de inúmeros mundos e que a Terra gira ao redor do Sol. Disse acreditar na reencarnação e não no inferno. Afirmou que até os demônios serão salvos. Disse que a magia é lícita e que até os profetas e apóstolos eram magos.” (a magia referida nada mais é do que a mediunidade.)
Giordano preferiu ser queimado na fogueira a abjurar suas idéias. A propósito, afirmou: “Por enquanto ficariam felizes com a minha abjuração. Mas, viver pode também significar percorrer um longo caminho que nos afasta de Deus!” Atualmente, no local do seu martírio, em Roma, uma estátua eterniza o seu amor à verdade.

Primeiro filósofo a afirmar que deveria haver vida em outros lugares do Universo, por causa de suas teorias contrárias aos dogmas da Igreja Católica, acusado de heresia e blasfêmia, o teólogo, filósofo e astrônomo italiano Giordano Bruno (1548-1600) foi condenado pela Inquisição, tendo passado seus últimos oito anos de vida sofrendo brutais torturas e maus tratos de todos os tipos. Morreu queimado vivo numa fogueira em praça pública no Campo dei Fiori", em Roma, com tábua e pregos na língua, para parar de "blasfemar", como retrata o canadense André Durand na pintura "Giordano Bruno Burning".

As mulheres também sofreram nesta época e foram alvos constantes. Os inquisidores consideravam bruxaria todas as práticas que envolviam a cura através de chás ou remédios feitos de ervas ou outras substâncias. As "bruxas medievais", que nada mais eram do que conhecedoras do poder de cura das plantas, também receberam um tratamento violento e cruel.
Outra vítima notória da fogueira da Inquisição é a heroína francesa Joana D'Arc (1412-1431), executada por declarar-se mensageira de Deus e usar roupas masculinas.
Heroína nacional, Joana ficou famosa depois que conduziu o exército francês à vitória sobre os ingleses em Orléans e deu início à revanche de seu país na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), até aquele momento vencida pelos britânicos.
Em 1430, quando caiu prisioneira nas mãos do duque de Borgonha, aliado ao rei inglês Henrique V, seus inimigos aproveitaram a fama das visões que ela costumava ter desde pequena para levá-la à fogueira, mesmo sabendo de sua extrema devoção religiosa.
Condenada à fogueira por heresia, foi queimada viva publicamente, aos 19 anos de idade, em Rouen, no dia 30 de maio de 1431. Em 1920, foi canonizada pelo papa Bento V.

Tela de Jules Lenepveu retratando o sacrifício da heroína francesa Joana D'Arc, queimada viva aos 19 anos de idade e, 489 anos depois, canonizada pela Igreja Católica


Herege não é aquele que arde na fogueira e
sim aquele que a acende. (William Shakespeare)

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