segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Israel reconhece uso de
armas proibidas em Gaza

Confirmando a acusação do ministro de Assuntos Exteriores do Irã, Manouchehr Motakki, em carta à Organização Contra o Uso de Armas Químicas, divulgada na manhã de domingo pela televisão iraniana PressTV, que declarou que o mundo precisa saber que o Exército israelense utilizou materiais proibidos como o "fósforo branco" em seus bombardeios sobre Gaza.
Pela primeira vez desde o início da operação militar israelense em Gaza, e após as reiteradas queixas de organizações de direitos humanos, fontes militares reconheceram nesta segunda-feira a um jornal israelense que foi utilizada bombas de fósforo branco na região palestina.
A edição eletrônica do Maariv informa que o Ministério da Defesa informou que está realizando uma investigação conjunta com o Comando Sul do Exército e a Promotoria militar para estudar como foi utilizada essa munição durante a ofensiva na Faixa de Gaza.
Durante e depois desta intervenção, palestinos e organizações humanitárias denunciaram que Israel tinha usado bombas de fósforo branco em áreas povoadas da faixa palestina.
A organização Anistia Internacional a partir de sua sede em Londres revelou hoje em comunicado que tem em seu poder provas sólidas de que Israel utilizou estas bombas, cujo uso está proibido em zonas povoadas segundo os convenções internacionais.
O Exército israelense, acrescenta o jornal, abriu uma investigação, após a denúncia desta organização, e sustenta que empregou projéteis de artilharia com fósforo para criar cortinas de fumaça, e que seu conteúdo são telas impregnadas com essa substância.
As organizações de direitos humanos denunciaram que o fósforo disparado sobre Gaza se espalhou em muitos casos já no solo e não no ar, como sustentam as Forças Armadas.
O Ministério da Defesa de Israel reconheceu a utilização de munição de fósforo, argumentando que seu uso foi legal.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, contabilizou nesta segunda-feira em mais de 6,6 mil os mortos e feridos na Faixa de Gaza durante os 22 dias que durou a operação militar israelense contra o movimento radical islâmico
Holmes disse durante uma entrevista coletiva nas Nações Unidas que o número de mortos do lado palestino é de 1.314, dos quais 416 eram crianças e 106 mulheres, segundo dados que o Ministério de Saúde palestino proporcionou à organização multilateral.
Os feridos, disse, chegam a 5.320, entre os quais há 1.855 crianças e 725 mulheres, além disso, que outros 55 mil palestinos tiveram que se deslocar de suas casas por causa do conflito. Pelo lado israelense, houve quatro mortos e 84 feridos, disse a mesma fonte.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários informou que em três semanas será disponibilizado um relatório completo sobre a avaliação dos danos e as necessidades de reconstrução do território.

Bombas explodem no céu de Gaza,
perto da fronteira com Israel

Diversos tratados internacionais de guerra questionam a utilização do explosivo. A Convenção de Armas Químicas, de 1993, proíbe o uso desse tipo de aparato e define como substância química tóxica aquela que “por sua ação sobre os processos vitais, possa causar morte, incapacidade temporal ou lesões permanentes a seres humanos ou animais”. O Protocolo de Genebra, de 1925, condena “o emprego de gases asfixiantes, tóxicos ou similares”. A Cruz Vermelha Internacional já pediu o veto específico desse item.
Quando entra em contato com a pele humana, o fósforo branco pode se transformar em ácido e causar queimaduras, explicou o professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo Koiti Araki. A gravidade depende do tempo de exposição. Caso seja colocado em um ambiente fechado, pode acabar com o oxigênio do local. Além disso, o produto não pode ser apagado como fogo. Tem de ser raspado. Enquanto isso não acontece, vai consumindo a pele.
Histórico - Esse não seria o primeiro caso de utilização desse tipo de armamento por Israel. Em 2006, pela primeira vez, o país reconheceu o uso. “As forças de defesa israelenses usaram obuses com fósforo durante a guerra contra o Hizbollah, no Libano”, disse, na época, o ministro encarregado das relações entre o governo e o Legislativo, Yaacov Ederi.
Os Estados Unidos também já assumiram ter trabalhado com o produto. Em 2005, o Departamento de Defesa admitiu que usou munição incendiária de fósforo branco na ofensiva lançada no ano anterior contra Faluja, um reduto insurgente no Iraque. Mas negou que civis tivessem sido vítimas.

Estados Unidos e Israel admitiram ter usado o
fósforo branco em 2005 no Iraque e durante a
guerra contra o Hizbollah, em 2006 no Líbano

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